O país asiático, sob o comando de uma junta militar, foi devastado por um forte tremor de terra na sexta-feira (28); a mídia estatal relata mais de 1,7 mil mortos e 3,4 mil feridos. O impacto do terremoto também foi sentido na Tailândia e na China.


Em algumas das áreas mais devastadas de Mianmar, moradores têm reportado à agência Reuters que a assistência do governo tem sido extremamente limitada, deixando as pessoas à própria sorte. Han Zin, um morador de Sagaing, cidade localizada próxima ao epicentro do terremoto, descreveu a situação como uma “destruição generalizada”. “A cidade inteira foi devastada, muitos edifícios desabaram no chão”, contou ele por telefone. Segundo Zin, grande parte de Sagaing está sem eletricidade desde o desastre e enfrenta uma grave escassez de água potável. “Não recebemos ajuda e não há equipes de resgate à vista. Estamos isolados”, afirmou o morador, destacando a ausência de apoio do governo.
A situação também é dramática em Mandalay, do outro lado do rio Irrawaddy. Uma equipe de resgate local informou que a maioria das operações de resgate está sendo realizada por pequenos grupos de moradores auto-organizados, que não possuem o equipamento necessário para lidar com os escombros e as estruturas instáveis. “Estamos nos aproximando de prédios desmoronados, mas algumas estruturas ainda estão instáveis enquanto trabalhamos”, relatou um dos membros da equipe, que pediu para não ser identificado por questões de segurança. Apesar das condições precárias, a coragem dos moradores e sua solidariedade têm sido fundamentais para o resgate de vítimas.
A junta militar, que assumiu o controle do país após o golpe de Estado em 2021, decretou estado de emergência em seis regiões, incluindo Sagaing, Mandalay e a capital Naypyidaw. O governo militar, que mantém o controle sobre a mídia estatal e restringe o acesso à internet, tem enfrentado críticas internacionais por sua resposta lenta e ineficaz ao desastre. Em um movimento raro, a junta pediu ajuda internacional, solicitando doações de qualquer país ou organização disposta a contribuir para as operações de resgate. Além disso, a junta solicitou materiais médicos e outros recursos essenciais para lidar com a emergência, em um pronunciamento transmitido pela TV estatal.

Vários países vizinhos de Mianmar, incluindo China, Rússia, Índia, Coreia do Sul, Malásia e Cingapura, prontamente enviaram equipes de resgate e materiais de ajuda. A China, um aliado próximo do regime militar, foi uma das primeiras a responder ao pedido de socorro. Pequim enviou mais de 135 equipes de resgate e especialistas, além de fornecer kits médicos, geradores e cerca de US$ 14 milhões em ajuda emergencial. A Rússia também fez sua parte, enviando 120 equipes médicas e de resgate, além de suprimentos essenciais. A Índia, que mantém uma relação histórica com Mianmar, também enviou ajuda, assim como a Coreia do Sul, Malásia e Cingapura.
Os Estados Unidos, por meio de um pronunciamento feito pelo presidente Donald Trump, também confirmaram sua contribuição, oferecendo apoio tanto em termos de recursos financeiros quanto no envio de equipes de resgate. Além disso, a União Europeia se comprometeu a enviar assistência humanitária, apesar das dificuldades logísticas causadas pelo isolamento imposto pela junta militar.
Enquanto isso, a população local continua a lidar com a falta de infraestrutura básica e a luta para resgatar sobreviventes dos escombros. Apesar da ajuda internacional que está chegando, a situação continua sendo desesperadora para milhares de pessoas, que enfrentam a devastação em um contexto de isolamento, conflitos internos e uma resposta governamental falha.

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