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Lutar pelo povo: um caminho solitário e ingrato.

Em teoria, lutar pelos interesses da população deveria ser a missão mais nobre da política. Afinal, a essência da vida pública é representar, proteger e trabalhar pelo bem comum. Na prática, porém, especialmente no Brasil, essa batalha costuma ser solitária, ingrata e cobrada com alto preço. Quem ousa romper com o sistema ou enfrentar interesses poderosos logo percebe que o caminho é árduo. Muitos entram na política movidos por ideais e boa vontade, mas descobrem rapidamente um ambiente de resistência, sujeira e desinformação.

Um exemplo emblemático é o caso de Gabriel Monteiro.

O ex-vereador do Rio de Janeiro ganhou projeção nacional ao denunciar casos de corrupção, negligência hospitalar e abusos de autoridade em comunidades e instituições públicas. Seus vídeos, que ultrapassaram 10 milhões de visualizações, mobilizaram a opinião pública. No entanto, em vez de respaldo institucional ou proteção, Monteiro acabou isolado politicamente e teve seu mandato cassado por quebra de decoro. Vieram à tona acusações graves — algumas legítimas, outras claramente fabricadas para desgastar sua imagem. A mensagem ficou evidente: quem desafia estruturas corrompidas, paga um preço alto.

Essa é a grande contradição: o povo clama por mudança, mas rejeita quem realmente tenta mudar; exige justiça, mas não ampara quem luta por ela; pede moralidade, mas consome escândalos como entretenimento. Em meio a essa confusão, políticos oportunistas se aproveitam: quanto mais desordem, mais fácil manipular. A descrença alimenta a impunidade, e a memória curta da população favorece a reeleição de figuras populistas e despreparadas.

Assim, lutar pelo povo raramente traz retorno financeiro, prestígio político ou satisfação pessoal. Pelo contrário: desgasta, isola, gera perseguições e, muitas vezes, destrói reputações. No entanto, quem persiste carrega algo valioso: a consciência tranquila de ter feito o que era certo, mesmo sem o aplauso das multidões.

A história ensina que a verdade, mais cedo ou mais tarde, emerge. E, ainda que o reconhecimento não venha nesta vida, há uma recompensa maior para quem ousou ser luz em meio às sombras.

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