Eduardo José da Silva recebe sentença de sete anos de prisão.


Após três adiamentos, o julgamento de Eduardo José da Silva, acusado de causar o acidente fatal que resultou na morte de Raissa Mikaelle Rosa Bueno, de 15 anos, em Goiânia, finalmente aconteceu na quarta-feira (26). O tribunal condenou Eduardo a sete anos de reclusão. O julgamento foi presidido pelo juiz Lourival Machado da Costa, e o réu foi condenado por homicídio simples em relação a Raissa, além de lesão corporal em outras quatro vítimas. A pena será cumprida inicialmente no regime semiaberto, embora ainda caiba recurso.
Raissa perdeu a vida em um acidente na BR-153, em Goiânia, no dia 18 de janeiro de 2020. Ela estava a caminho de um shopping com amigos quando o carro em que viajava, uma caminhonete Hilux SW4, foi atingido violentamente na traseira por uma Mercedes branca, dirigida por Eduardo. Com o impacto, a adolescente foi arremessada para fora do veículo e não resistiu aos ferimentos. A Polícia Civil considerou Eduardo responsável pelo acidente, e ele foi inicialmente indiciado por homicídio doloso, em que há intenção de matar. No entanto, o Ministério Público de Goiás (MPGO) reclassificou o caso para homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
A mudança de qualificação do crime para homicídio doloso foi uma conquista importante para a família de Raissa. Em uma entrevista, a mãe da vítima, Larissa Rosa Bueno, expressou seu descontentamento com os adiamentos do julgamento e alega que esses atrasos foram causados por manobras da defesa. Segundo ela, o advogado de defesa não compareceu à audiência de outubro e, em dezembro, justificou a ausência alegando que precisava acompanhar o tratamento de câncer de seu filho. “A gente vem lutando há cinco anos para que isso acontecesse”, lamentou Larissa, destacando o sofrimento da família.
Apesar dos desafios, Larissa se mostrou confiante de que, com o apoio do Ministério Público, conseguiram enquadrar Eduardo no crime de homicídio doloso simples, que pode resultar em até 12 anos de prisão. “Nossa expectativa é que ele seja condenado à pena máxima, que ele fique um tempo preso pelo que fez com a nossa filha”, afirmou a mãe da vítima, que ainda carrega a dor da perda de Raissa.
O luto da família é constante e presente em sua vida cotidiana. Larissa compartilhou a dor de viver sem a filha, afirmando que a família perdeu momentos importantes como o Natal e o Ano Novo. “A dor está presente todos os dias. Minha filha estaria com 20 anos, cursando faculdade, pensando no futuro. Mas tudo isso foi tirado de nós. A verdade é que quem paga a pena somos nós, não ele”, desabafou.
Larissa também criticou a liberdade de Eduardo José, destacando que, apesar das provas apresentadas, ele nunca foi preso. “Testemunhas viram ele bebendo em um bar antes do acidente, e a perícia constatou que ele estava a mais de 130 km/h, onde o limite era 80 km/h. Mesmo assim, ele segue vivendo normalmente, frequentando bares e dirigindo”, disse a mãe, indignada com a impunidade. Ela acredita que a pressão popular será crucial para que o julgamento aconteça sem mais adiamentos e que, finalmente, a justiça seja feita. “Esperamos que, dessa vez, a justiça seja feita e que os jurados compreendam a gravidade do que ele fez”, concluiu.

+ There are no comments
Add yours